Liberação de Telenomus Podisi com drone para controle de Percevejo marrom Euschistus heros na cultura da soja

Objetivos

Avaliar qual método de controle de percevejo marrom é mais eficiente: liberação de telenomus podisi manualmente, por drone ou o manejo convencional (com inseticida)

Fundamentação teórica

O manejo do percevejo marrom, Euschistus heros,  na cultura da soja tem sido umas das principais preocupações do agricultor nos últimos tempos. Os prejuízos resultam da sucção de seiva dos ramos ou hastes e de vagens, limitando a produtividade e a sanidade da soja. Também injetam toxinas, provocando a “retenção foliar” além de causar desordens fisiológicas. Em fase inicial de cultivo, os ataques podem causar abortamento das vagens e retardar a maturação dos grãos. Já ataques no seu período mais suscetível (R3- 7), ao atacar as vagens, pode haver redução do peso e tamanho de grãos. Os grãos também ficam enrugados e chochos, apresentando coloração arroxeada a enegrecida. Também pode haver danos na qualidade devido a alterações nos teores de proteína e de óleo no grão. Assim, após a venda da produção penalidades financeiras poderão vir acontecer por parte da indústria devido aos grãos escurecidos ou sujos que dificultam o beneficiamento e produção de óleo. Estima-se que na colheita os grãos atacados apresentam peso 40% inferior ao sadios implicando em perdas de até 10 sacas de soja por hectare.

Figura 1. Ciclo de vida do percevejo marrom, Euschistus heros. Fonte: G. Rosa, 2012.

Na soja, o percevejo-marrom normalmente completa três gerações. No outono, inicia a procura por abrigos sob a palhada, onde permanece até o próximo verão. Durante esse tempo, o percevejo acumula lipídios e não se alimenta, permanecendo num estado de hibernação parcial. Nesse estado, essa espécie pode passar cerca de sete meses do ano sob extrato vegetal na superfície do solo no entorno das lavouras de soja. O adulto apresenta coloração marrom escura, com dois prolongamentos laterais do pronoto, em forma de espinhos. No verão, geralmente, os insetos apresentam espinhos mais longos e mais escuros, comparados com os adultos coletados no inverno, que são de cor marrom-avermelhada e com espinhos pronotais arredondados. A longevidade média do adulto é de 116 dias. Apesar de iniciarem a alimentação no segundo ínstar, as ninfas do percevejo-marrom causam danos às sementes apenas a partir do terceiro ínstar. Na Figura 1 pode-se vizualizar as diferentes fases do desenvolvimento do inseto.

Para o controle eficaz de percevejo é importante que se utilize diferentes estratégias de controle baseadas no manejo integrado de pragas (MIP), haja vista que somente com os inseticidas não se tem conseguido bons resultados. O controle biológico é um estratégia de grande importância e que vem ganhando destaque no MIP por ser a que menos impacta o agroecossistema. Essa estratégia pode ser utilizado através da liberação de um inimigo natural, aplicação de um produto de origem biológica ou até mesmo conservando a população de insetos que realizam o controle biológico já existente na área. Os parasitoides de ovos são considerados, em vários países, como os principais inimigos naturais dos percevejos sugadores. São reconhecidos, em muitos casos, como os mais importantes agentes de mortalidade desse grupo de insetos. A espécie Telenomus podisi é uma vespa de aproximadamente 1 mm de comprimento, de coloração preta, que se alimenta de néctar. Esse parasitoide oviposita no interior dos ovos dos percevejos. Após serem parasitados, os ovos dos percevejos apresentam alteração na coloração de acordo com a fase de desenvolvimento da vespinha, tornando-se de cor preta próximo à emergência do adulto

Figura 2. Ciclo de desenvolvimento de Telenomus Podisi em ovos de Eushistus heros. Fonte G. Rosa, 2012.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido na fazenda Santa Fé em uma área total de 6 hectares divididos em 3 tratamentos de 2 ha cada: liberação via drone, liberação manual e manejo convencional (químico).

Foram feitas 3 liberações (1 por semana), sendo 1 no final do estágio vegetativo e duas no início do reprodutivo. As liberações nesses períodos visou manter a população abaixo do nível de dano econômico evitando o desenvolvimento da primeira geração dos adultos colonizadores. Cada um foi dividido em 4 áreas menores de 0,5 ha cada onde foi avaliado com pano de batida (10 panos por área) a infestação de percevejos.

Para a liberação em drone foram utilizadas capsulas de papelão biodegradável, contendo adultos de Telenomus podisi recém emergido e alimentado. Para liberação manual os adultos foram soltos a partir de uma saco plástico contendo os parasitóides também recém emergidos e alimentados.

Resultados obtidos

Os resultados obtidos mostram que liberações sequenciais de Telenomus podisi pode reduzir a infestação de Euschistus heros na cultura da soja. O número total de percevejos após as três liberações do parasitóide foi menor do que o tratamento geralmente utilizado pelo agricultor, que consiste em controle químico com inseticidas sintéticos (Gráfico 1).

Gráfico 1.

É importante frizar que o objetivo das liberações do parasitóide é reduzir a população da primeira geração de percevejos colonizadores. E levando em consideração que Telenomus podisi é um parasitóide de ovos, o resultado esperado é que se reduza a infestação de ninfas provenientes dos adultos de percevejo marrom que migraram para a soja para iniciar a colonização. O resultado obtido no presente trabalho nos mostra exatamente isso. A população de ninfas nos tratamentos com liberação de Telenomuspodisi, seja via drone ou manual, foi bem menor que na área com tratamento químico

Conclusões

Liberações de Telenomus podisi na cultura da soja provocam uma redução na população de percevejo marrom, podendo ser uma importante estratégia de controle dentro de um programa de manejo integrado de pragas.